A Igreja e o Mundo
I
Todos os dias, Igreja era vista cuidando de sua casa com devoção. Seu jardim estava sempre bem cuidado, e o interior do lar refletia sua espera. A cada ação, sua mente estava voltada para o dia em que seu noivo voltaria, como havia prometido. Ele viajara para uma cidade distante, mas dissera que voltaria quando tudo estivesse pronto. Ela acreditava com todo o seu coração.
Um certo dia, enquanto cuidava do jardim, um homem passou pela calçada. Ele a observava há dias, intrigado pela dedicação com que ela cuidava da casa. Decidido a descobrir mais sobre aquela mulher misteriosa, ele se aproximou.
— Olá, tudo bem? — perguntou ele, com um sorriso que tentava esconder suas intenções. — Sempre te vejo sozinha por aqui. Precisa de ajuda com alguma coisa? Trabalho com marcenaria e entendo um pouco de elétrica.
Igreja levantou os olhos, surpresa com a abordagem, mas educada como sempre.
— Obrigada, senhor — disse com um sorriso cordial. — Mas estou bem, não preciso de nada.
— Eu me chamo Mundo, e você? — insistiu ele, não querendo deixar a conversa acabar.
— Igreja. — respondeu ela com firmeza.
Mundo ficou ainda mais curioso ao ouvir o nome dela. Um nome único para uma pessoa única, pensou ele.
— Um nome lindo — comentou, olhando ao redor. — Mas me diga, por que vive sozinha em uma casa tão grande?
— Meu noivo viajou para uma cidade distante. Mas ele prometeu que voltará para nos casarmos — disse ela com um brilho nos olhos. — Enquanto isso, cuido da casa que ele me deixou.
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Mundo, percebendo que não seria fácil desviar o coração daquela mulher, não desistiu. Ele fez outra pergunta:
— E faz muito tempo que ele partiu? Talvez você se sinta sozinha…
— Faz algum tempo, mas estou bem — respondeu Igreja com serenidade.
II
Apesar da resposta direta, Mundo não aceitou ser ignorado. Dentro dele, cresceu o desejo de conquistar Igreja a qualquer custo. Dia após dia, ele passava em frente à casa, tentando chamar sua atenção. A princípio, oferecia ajuda. Depois, tentava ignorá-la para ver se despertava sua curiosidade. Tentou até fazer graça, e finalmente, um dia, conseguiu arrancar um sorriso tímido de Igreja. Aquilo foi o suficiente para que ele sentisse que estava próximo de seu objetivo.
Enquanto isso, Igreja continuava firme em seu propósito. Tudo o que fazia era pensando em seu amado noivo. Ela sonhava com o dia em que ele voltaria, e o casamento finalmente aconteceria. Ele havia prometido que, assim que estivesse tudo preparado, voltaria para buscá-la. A casa de seu Pai tinha muitas moradas, e ele prepararia um lugar glorioso onde poderiam viver juntos para sempre.
No entanto, o tempo passava, e a promessa parecia cada vez mais distante. As pessoas ao redor começaram a duvidar. “Por que você ainda espera? Seu noivo provavelmente morreu ou se esqueceu de você.” Esses comentários começaram a pesar no coração de Igreja, e pouco a pouco, as investidas de Mundo começaram a influenciar suas decisões.
III
Sua velha amiga Paciência sempre a aconselhava a continuar esperando. Ela conhecia o noivo de Igreja e estava certa de que a demora fazia parte de um plano maior.
— Amiga, não desista. Ele te prometeu que voltaria, e ele virá. E quando ele chegar, você precisa estar pronta — dizia Paciência com doçura.
— Eu tento esperar, mas às vezes fico dividida. Mundo veio me visitar esses dias e deixou minha mente aflita — confessou Igreja.
— É normal se sentir assim, mas continue firme. Seu noivo virá.
— Obrigada, Paciência. Eu só espero que esse dia chegue logo — disse Igreja, lembrando-se de uma mensagem recente que o noivo lhe enviara, dizendo que tudo estava quase pronto.
— E quando esse dia chegar, minhas filhas Fé e Alegria estarão lá para celebrar com você. Estamos todas ansiosas pelo casamento! — respondeu Paciência com entusiasmo.
IV
Os dias continuavam a passar, e Mundo, persistente, foi ganhando mais espaço na vida de Igreja. Ele encontrava desculpas para visitar o jardim e conversar com ela. Mesmo com suas intenções escondidas, ele conseguiu a confiança dela, que o via apenas como um amigo. Mundo, no entanto, tinha outros planos.
— Igreja, você não precisa ficar sozinha — disse ele um dia, com um olhar encantador. — Podemos ser amigos, não há mal nisso, certo?
— Acho que não… — respondeu Igreja, relutante. Ela não permitia que Mundo entrasse em sua casa, mas o deixava ficar no jardim. Queria que suas interações fossem visíveis para todos, mantendo-se fiel ao seu noivo.
Mas certo dia, uma tempestade violenta caiu sobre a cidade. Um raio atingiu o telhado da casa de Igreja, e ela, desesperada, chamou Mundo para ajudar. Pela primeira vez, ele entrou na casa, cruzando a linha que ela tanto temia.
Enquanto trabalhava para consertar os danos, Mundo observava cada detalhe do interior da casa. Igreja, vulnerável e assustada, sentiu-se grata por sua ajuda, mas não pôde deixar de notar a inquietação em seu coração.
V
Com o passar dos dias, Mundo começou a trazer ideias novas e sedutoras para entretê-la. O relacionamento evoluiu de uma simples amizade para algo mais perigoso. Igreja, em momentos de fraqueza, começou a ver Mundo de forma diferente. Ele era charmoso, inteligente e atraente. E Mundo sabia usar isso a seu favor.
— Como você está linda hoje, Igreja — disse ele, olhando-a fixamente. — Seu noivo é tolo por deixá-la aqui sozinha. Eu jamais faria isso. Dê-me uma chance de te fazer feliz.
— Meu noivo não me deixou sozinha — respondeu ela, desconfortável. — Ele sempre está em contato comigo.
— Então por que ele ainda não voltou? Por que essa demora? Quando sua casa estava em perigo, onde ele estava? Eu sempre estive aqui com você. Apenas me deixe te fazer feliz.
Igreja hesitou por um momento, sentindo-se confusa. Mas então, com firmeza, respondeu:
— Acho melhor você ir embora, Mundo. Meu coração pertence ao meu noivo.
Mundo, enfurecido, avançou contra ela, agarrando-a pelo pescoço e jogando-a contra a parede. Igreja se debateu, tentando escapar, mas era tarde demais. Ela estava sozinha e vulnerável. Arrependeu-se no momento em que permitiu que Mundo entrasse em sua vida. Enquanto lutava para se livrar de suas garras, Igreja gritou por socorro.
Nesse momento, o Espírito Santo entrou com poder. Como um vento impetuoso, ele afastou Mundo, jogando-o para fora da casa com força. Assustado, Mundo fugiu.
— Obrigada… — sussurrou Igreja, segurando o pescoço ferido. As roupas rasgadas e sujas de sangue. Lágrimas de arrependimento escorriam pelo seu rosto.
— Não se preocupe. Vou cuidar de você — disse o Espírito Santo com ternura. — Lave-se e vista-se com novas roupas. Seu noivo ainda te ama.
— Mas eu o desonrei… Eu deixei outro homem entrar na minha casa. Como ele pode me perdoar? — soluçava Igreja.
— Filha, seu noivo te perdoa. Agora vá, ele pode chegar a qualquer momento.
VI
A partir daquele dia, Igreja aprendeu sua lição. Arrependida, decidiu vigiar e permanecer firme, esperando a volta de seu amado noivo. Ela compreendeu que, embora o mundo fosse tentador e suas promessas parecessem atraentes, apenas seu noivo poderia oferecer o amor verdadeiro e a vida eterna que ela tanto desejava.
As marcas da batalha com o mundo a tornaram mais forte e mais consciente da importância de manter-se fiel, mesmo nas horas de dúvida. O Espírito Santo, a ajudava a se preparar para o grande dia. E assim, com vestes novas e o coração renovado, ela continuou aguardando, sabendo que o noivo não tardaria a chegar.
No silêncio de sua espera, Igreja entendeu que a fidelidade, o arrependimento e a perseverança são os verdadeiros aliados que a uniam ao noivo. Não importava quanto tempo levasse, ele voltaria, e ela estaria pronta.
A mensagem é clara: o mundo sempre tentará nos desviar, mas aqueles que permanecem firmes na promessa do Noivo encontrarão a verdadeira recompensa. Aguardemos, vigilantes e fiéis, porque o Noivo virá.
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É uma comparativa interessante. Visto que quando falamos de mundo/Igreja parece tedioso por conta da responsabilidade.
Mas com uma visão um pouco mais didática, a possibilidade de acerto é 100%.
Ótimo trabalho!
Obrigado Carlos, que Deus abençoe.