Um mundo invisível
Era final de tarde, e Clara estava sentada no banco de uma praça no centro da cidade. Seu pai discutia ao telefone com sua mãe; era a terceira vez na semana que eles discutiam. Algo estava acontecendo, e a garota não entendia por que havia tantas discussões. Seus pais sempre foram muito felizes, mas algo mudou entre eles, e as brigas se tornaram constantes.
A garota não prestava atenção ao seu pai, mas olhava fixamente para as pessoas caminhando de um lado para o outro na cidade, quando de repente algo aconteceu que a deixou completamente paralisada de pavor e medo. Seus olhos se abriram para o mundo espiritual, e ela podia contemplar tudo que havia ali, coisas que os humanos geralmente não viam.
Demônios e Correntes Invisíveis
Quanto mais forçava a vista, mais estranho tudo parecia. Cada pessoa tinha uma coleira, como a de um cachorro, presa ao pescoço. As correntes flutuavam em direção a algo. Quando Clara seguiu as correntes com o olhar, viu que quem segurava a outra ponta. Era um demônio grande, vermelho, com uma enorme bocarra cheia de dentes.
Clara tentou chamar a atenção do seu pai para o que estava vendo, mas ao se virar, percebeu a mesma corrente no pescoço dele. Quanto mais o demônio balançava a coleira, mais seu pai gritava ao telefone. Era como se a criatura maligna controlasse o homem, e quanto mais seu pai discutia, mais o monstro zombava.
Desesperada, Clara começou a chorar sem saber o que estava acontecendo. Não conseguia se mover devido ao medo que sentia. Nunca tinha passado por nada parecido na vida, mas de repente, sentiu uma presença extraordinária ao seu lado. Uma paz que excedia todo entendimento tomou conta dela. Ao se virar, viu um homem vestido de branco. Quando Ele abriu a boca para falar, sua voz suave era como as ondas do mar.
— Olá, minha filha. Fique tranquila, está tudo bem.
— O que são essas coisas? Por que meu pai está acorrentado? — perguntou Clara, enquanto seu coração aos poucos se acalmava e o tempo parecia parar ao redor dela. Tudo parecia se mover em câmera lenta, e o homem ao seu lado lhe transmitia uma paz incompreensível.
Prisão Espiritual
— O mundo jaz no maligno, ele é regido por forças terríveis. Infelizmente, por causa das más escolhas, os humanos acabam se tornando escravos dessas criaturas. Eles acham que estão livres e podem fazer o que quiserem, mas essa liberdade que pensam ter, na verdade, os aprisiona. Cada uma dessas pessoas que você viu estão presas por sentimentos como: Orgulho, inveja e outras coisas. Os demônios se aproveitam dessas brechas para escravizá-los.
Clara olhou para cada pessoa que andava na rua. Ela podia ver suas verdadeiras expressões faciais e elas eram de desespero e dor. Podiam demonstrar alegria por fora, mas suas almas estavam desesperadas. Ela quase podia ouvir suas almas clamando por liberdade, mas seus corações endurecidos se negavam a buscar ajuda.
— Como meu pai pode se libertar disso? Ajude meu pai! — suplicou Clara, voltando-se para o homem de branco ao seu lado.
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— Eu poderia ajudá-lo, mas apenas se ele quiser. Não posso forçar ninguém a ser livre. Se dependesse exclusivamente do Pai, todos seriam. Mas Ele respeita a decisão de cada um. Foi por isso que Ele mandou Seu Filho ao mundo, para que todos que nEle cressem pudessem alcançar a salvação. Ele anunciou que existe apenas um único caminho. Infelizmente, muitas dessas pessoas O ignoram, zombam de Deus, e por conta disso, o Senhor respeita a escolha de cada um, mas Ele está sempre aqui para aqueles que crerem.
A Visão Espiritual de Clara
— Por que eu estou vendo isso? — perguntou Clara ao homem de branco.
— O Pai ouviu a sua oração. Na primeira vez que seus pais brigaram, você se escondeu embaixo da cama e pediu a Deus que mostrasse o que estava causando a briga. Você queria ver o motivo para poder jogá-lo fora e voltarem a ser uma família feliz. Seus olhos foram abertos e agora você vê.
— O inimigo odeia as famílias unidas. — Continuou o homem. E ele faz de tudo para gerar confusão e brigas entre elas. Qualquer brecha que se abre, ele atua, principalmente gerando desconfianças, desavenças e conflitos.
— Obrigada por me fazer entender, já sei o que preciso fazer. — Clara se levantou, foi até seu pai e o abraçou. Com os olhos cheios de lágrimas, orou por ele, rogando que a mesma presença de paz que sentia fosse sentida por ele. Sem entender nada, o homem, que antes estava transtornado, parou de gritar.
Um coração Quebrantado
— Filha, o que houve? — perguntou ele, voltando a si, sem compreender de onde vinha tanta raiva e por que estava brigando. — Amor, me desculpa. Vamos conversar com calma depois. A Clara está aqui e não quero brigar na frente dela. Me perdoa, vou melhorar.
Os olhos de Clara haviam voltado ao estado normal. Ela já não enxergava mais o mundo espiritual e, ao observar o pescoço do pai, não via mais a coleira que o prendia. Não sabia dizer se ele estava verdadeiramente livre, mas por algum momento ele pôde sentir algo diferente.
— Pai, não carregue esse fardo. Entregue-o a Deus. Ele pode aliviar essa angústia. Não importa o que aconteceu, nossa família é mais importante que tudo. Por favor, pare de brigar com a mamãe, façam as pazes. Essa discussão só está alimentando o… — ela não continuou.
O homem olhou para a filha, sem entender nada, e começou a chorar. Chorou como uma criança, de soluçar, como se um peso tivesse saído do seu peito. Ao lado dele, por um instante, Clara viu o brilho do Espírito Santo
Fim
Notas do Autor
Muitas vezes, nós negligenciamos o mundo espiritual, mas ele existe e está ao nosso redor. O inimigo de nossas almas está o tempo todo buscando uma brecha, e quando damos, ele se aproveita e nos incentiva a errar. Mas sempre existe um outro caminho. A Palavra de Deus diz que maior é o que está em nós, e nas horas mais difíceis, devemos invocar o nome de Deus.
Isso não significa que todas as ações humanas são influenciadas por demônios, mas grande parte delas, infelizmente, sim. Por causa do pecado, todos nós carregamos inclinações para o mal, e o inimigo se aproveita dessas fragilidades para nos aprisionar. Por isso, devemos entregar nossas vidas a Deus e deixar que Ele nos limpe de toda velha criatura. Como Paulo ensinava, “não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim, Ele que morreu e ressuscitou.”
Aproveite este momento, invoque o nome de Deus e peça para Ele te libertar de todo mal, de toda aflição. Não se apegue a nenhuma mágoa, rancor ou tristeza. Deixe esse fardo pesado na cruz e viva a paz que excede o entendimento.
Obrigado por ler até aqui. Se gostou da história, deixe suas considerações aqui embaixo e nos vemos nos próximos contos.
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