No Princípio, a Luz
I
No princípio, tudo era luz. Não havia escuridão entre os homens e Deus. A paz e a harmonia reinavam sobre o mundo, pois o Criador assim quis. Tudo era perfeito. Não havia tristeza, nem dor, nem lágrimas. O equilíbrio era absoluto, o bem e o bem coexistiam sem conflito.
Mas um dia, por causa do pecado de um, o mundo mergulhou em trevas. O caminho até o Eterno foi obscurecido, e quão grandes eram essas trevas, pois agora ela habitavam em nós. O que antes era harmonia se transformou em caos, e a comunhão entre o homem e Deus foi quebrada.
Poucos foram aqueles que conseguiram enxergar a luz em meio à escuridão. Esses poucos encontraram o conhecimento do caminho – um caminho estreito, difícil, mas que levava a planícies verdejantes, repletas de paz e vida. Porém, cada vez que a escuridão se tornava insuportável, sangue inocente precisava ser derramado para dissipar as trevas que residiam nos corações humanos. Durante um tempo, essa prática funcionou: pecado, sangue, morte, e então, momentânea redenção.
Chegou, porém, o tempo em que o sangue derramado já não era suficiente. Havia tanto pecado, tantas trevas no coração dos homens, que nem mesmo o sangue dos inocentes podia dissipá-las. O mundo permaneceu escuro, e a escuridão habitou em todos os homens. O silêncio dominou, e com ele, a esperança de muitos se esvaiu. Ninguém mais sabia qual era o caminho; ele se perdera juntamente com a promessa de um novo rei.
II
Mas a esperança voltou a raiar quando, em Belém, uma estrela brilhou no céu. As profecias do Messias ecoaram pelos quatro ventos. Um novo Rei estava a caminho. O vento trouxe uma nova mensagem ao coração do rei da terra, que, temeroso, emitiu um decreto de morte. Mais uma vez, o sangue foi derramado, mas desta vez não para abrir o caminho, e sim para impedi-lo de ser aberto.
No entanto, essa era uma era diferente. O homem estava perdido na escuridão, mas agora a Luz ansiava habitar entre os homens. O coração de pedra precisava ser quebrado para que a Luz pudesse entrar.
O menino crescia em graça, cheio do Espírito Santo. Durante três anos, ele andou entre os homens, pregando sobre o caminho estreito. Ele mostrou qual a direção a seguir e garantiu que a porta estaria sempre aberta para aqueles que escolhessem negar a si mesmos e caminhar com Ele até o fim dos tempos. “Eu vou à frente”, Ele prometeu, “mas deixarei sinais pelo caminho.”
III
Aquele homem provocou revolta nas multidões. As trevas, profundamente enraizadas nos corações humanos, cegaram o entendimento das pessoas. Aquele que brilhava mais que a própria luz foi condenado à morte – uma morte de cruz. Mas Ele, em sua infinita compaixão, resistiu. Por amor à humanidade, abraçou seu destino, sabendo que o caminho estreito precisava permanecer aberto.
Carregando o peso esmagador dos pecados do mundo sobre seus ombros, Ele avançou em direção às trevas. A cada passo, a escuridão parecia se fechar ao seu redor, como um predador que o cercava, cruel e implacável. Quanto mais Ele avançava, mais as sombras o assolavam, como chicotes de sete pontas que se lançavam contra sua carne, rasgando sua pele. Cada golpe dilacerava suas costas, abrindo feridas profundas de onde fluía o sangue puro e inocente.
O chão manchado pelo sangue sagrado tornou-se uma trilha iluminada. Cada gota que caía fazia brilhar um caminho na escuridão, enquanto Ele, em sua agonia, seguia em direção à morte. E, paradoxalmente, com cada passo que Ele dava em direção ao fim, nós éramos levados para mais perto da vida.
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A porta do caminho estreito só se abre com sangue – o sangue de um Deus-Homem, o sangue de um Homem-Deus. Quando o Messias morreu na cruz, o véu do templo, que separava o homem da presença de Deus, se rasgou de alto a baixo, e nunca mais seria costurado. Seu sangue vermelho, puro e poderoso, mantém o caminho aberto. E Ele nos convida a trilhar por esse caminho.
IV
“Quem quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16:24). Mesmo diante das trevas, ainda é possível encontrar o caminho. Quando olhamos para as gotas de sangue no chão, sabemos que o último Adão passou por ali. Se continuarmos seguindo essa trilha de sangue, chegaremos até o Eterno. O sangue Dele tem poder, dissipa o mal, cura, liberta. O sangue Dele mantém o caminho aberto.
Nunca houve e nunca haverá sacrifício maior do que a morte do Filho inocente, o Cordeiro imaculado. Seu sangue não apenas cobre nossos pecados, mas purifica nossos corações e abre as portas da eternidade para nós. Agora, Ele nos chama: venha, ande pelo caminho e permaneça nele.
Aquele que chegar até o fim receberá a coroa da justiça, ganhará um novo nome e será feito coluna na casa de Deus. Nunca mais temerá a morte, pois a morte será apenas uma porta para a vida eterna. Durante a caminhada, o sangue nos purifica. Quanto mais andamos por esse caminho, mais nos tornamos semelhantes a Cristo. E chegará o dia em que seremos perfeitos, como os primeiros homens antes da queda. A escuridão que hoje vemos será finalmente aprisionada por toda a eternidade.
Se você está perdido, olhe para as gotas de sangue no chão. Lembre-se do sacrifício. O caminho até o céu tem um preço, e esse preço já foi pago. O nosso único desafio agora é permanecer caminhando.
Notas do Autor:
O sangue de Cristo é a chave que mantém o caminho aberto. Não há outro caminho além desse: Jesus é o caminho. Quem deseja chegar até Deus precisa trilhar o caminho estreito. Ao longo dessa jornada, você verá o sangue que foi derramado – é esse sangue que tem o poder de salvar e curar. Não tenha medo, pois Ele estará conosco até a consumação dos séculos.
E se você se afastou desse caminho, ainda há tempo de voltar. Retorne, Ele está à sua espera. Creia no poder do sangue.
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